A morte não esperou o espocar do espumante na Vila Proost de Souza em Campinas/SP. A foice veio em forma de pistola 9 mm para treze almas, ela mesmo se voltando contra si. Quem envenenou teu coração, Ramis? Não pode ter sido a bela Isamara, nem o inocente João Victor. Foi a justiça lenta, fria e corrupta que te pôs a peçonha? Perdeste a ti, a mãe de teu filho e ele próprio. Agora não há mais esperança porque tu a mataste, contrariando o ditado, foi a primeira que morreu. Com quem aprendeste este discurso de ódio e terror? Quem te ensinou a odiar a mulheres, a bíblia? A raiva é filha do orgulho, tu te acreditas melhor que os demais? Onde estão os amigos que tu tinhas? Quantos ajudaram a envenenar teu coração? Quantos tentaram te tirar do caminho da perdição? Ah, mundo. Quantos, hoje, se lamentam, quando poderiam até calados evitar o desastre? Ou será que tu não te abriste para ninguém, deixando destilar no coração o ódio, o desprezo, a desilusão? Quem pode decifrar o abismo da alma humana? Hoje é noite sobre todos vós que partiste. Sem fim. Para quem fica, a escuridão da ausência. O perder eterno. Oh, vida, quanto tempo tu me arrebatarás? Sejas generosa, mais vale chorar que consumir-se no etéreo mundo invisível.
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