A imprensa brasileira deixou passar em branco o centenário
da morte do grande brasileiro que foi EDUARDO PRADO. Com certeza obedece ainda,
ordens do tio Sam que determinou em 1893 ao Governo brasileiro o confisco de
sua obra “A Ilusão Americana”. É o próprio EDUARDO PRADO que na segunda edição
do livro, editada em l895 em Paris por Armand Colin Editeurs narra os fatos:
" No dia. 4 de dezembro foi posto este livro à venda nas livrarias de
São Paulo. Vendidos todos os exemplares prontos nesse dia , foi às livrarias o
chefe de polícia e proibiu a venda. Na manhã seguinte a tipografia em que foi
impresso o livro amanheceu cercada por uma força da cavalaria, e compareceram à
porta da oficina um delegado de polícia acompanhado de um burro que puxava uma
carroça. O delegado entrou pela oficina e mandou ajuntar todos os exemplares do
livro, mandando-os amontoar na carroça. O burro e o delegado levaram o livro
para a repartição da polícia" (p.233). EDUARDO PRADO consciente do que
escrevia assim fez sua defesa: "Escrevo um livro sustentando a doutrina
política de que o Brazil deve ser livre e autônomo perante o estrangeiro, e
adoto o aforismo de Montesquieu, de que as republicas devem ter como fundamento
a virtude" (p.236). Denunciou a prisão do jornalista Gomes Cardim
que" por ir lendo num bonde a obra proibida, foi levado à polícia
"e" o mesmo aconteceu com um cavalheiro, de cujas mãos, na Paulicéia,
foi arrancado um exemplar por polícia secreta." (p.234).
Embora pertencesse a aristocracia
cafeeira,freqüentasse a alta sociedade brasileira, lusitana e francesa EDUARDO
PRADO não se deixou seduzir pelo sonho americano, passando a ser um crítico
mordaz da cultura e modo de viver americanos. Privando da amizade de Eça de
Queiroz tornou-se até personagem de um dos romances do grande escritor
português que o admirava por seu talento, sua elevada cultura e seu
posicionamento político. Eduardo Prado foi um grande estudioso da historia e do
Direito das Gentes
e com sua obra "A Ilusão Americana"
fez um exame crítico da formação norte-americana demonstrando de maneira firme
e contundente já naquela época – 1893 - que a democracia americana é uma balela
pois nasceu e cresceu sob o signo do uso
indiscriminado da força, desprezo aos negros, índios e imigrantes,
ampliando e consolidando seu território com a morte de milhares de pessoas.
Denunciou, EDUARDO PRADO, veementemente o assassinato oficial do governo
americano através do personagem William Walker, (W.W) cognominado de
flibusteiro que a serviço do governo promoveu saques, homicídios e carnificinas
terminando por ser preso por um comandante inglês que o obrigou a devolver uma
fortaleza roubada em Honduras.Recusando-se a devolver, fugiu mas "foi
perseguido, apanhado e o governo de Honduras fê-lo julgar e fuzilar" (p.
74), "... com profundo pesar no seu país, até com enaltação política
" (p.75). em seu livro.Vê-se, hoje que nada mudou. Incrível o tom
profético da “Ilusão Americana” observe este trecho: "Em pouco tempo,
os milionários e os bilionários americanos organizarão exércitos. Havendo
dinheiro, há meios para se defender qualquer indivíduo e quem sabe se, no
futuro, não haverá guerras individuais como as da idade média? (p.173). Porque:
"Em matéria de promessas, de tratados e de compromissos internacionais as
repúblicas da América não são difíceis" (p.179) e "a república
brasileira, então ainda na primeira das suas sucessivas e diversas ditaduras,
foi o primeiro país que cedeu aos desejos dos Estados Unidos, assinando o
primeiro tratado comercial que ficará conhecido na história pelo nome de
tratado Blaine - Salvador" e" foi motivo para o Brasil ser
prejudicado sem a mínima vantagem e deu ocasião a uma grande deslealdade por
parte do governo norte-americano" (p.182). "Pois o verdadeiro
termômetro da civilização de um povo é o respeito que ele tem pela vida humana
e pela liberdade. Ora, os americanos têm pouco respeito pela vida humana. Não
respeitam a vida de outrem e nem a própria" (p. 212)
Não é admirável? Como entender tenha sido EDUARDO
PRADO esquecido pelos brasileiros? Se fora americano, e, nisto eles são bons,
estaria sendo divulgado pelo mundo afora, como um grande intelectual que foi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário